CONVERSA COM O CIGARRO
Conversa com o cigarro.
Apago as luzes, as minhas e as da casa,
vagueio pela rua adentro,
o vento frio entra-me,
abraça-me contra a minha vontade
e ameaça congelar-me o pensamento.
Coitado, como congelar a razão da minha insónia?
o que faz de mim alma-viajante?
Vagueio, vagueio e acendo um cigarro,
a terceira desde instantes.
A minha cabeça ribomba de incompreensão.
É cigarro, mas não só...
São gestos, a força que me dá, a atitude!
Puxar e suster respiração
e levar cigarro além do meu coração
ser vencedor de nada...
Vagueio, vagueio
e bem antes de quarto cigarro
antes de acender-lhe, antes de tudo...
estabeleço perímetro de segurança,
- imaginário, claro -
Mas de muita segurança!
Uma sensação me envolve, mais do que frio
ou a ingratidão dos sentimentos
simples teias invisíveis de nada mas que doem!
é saudade que mói e amor que escraviza!
é amor todos os caminhos da incompreensão
do que vagueia no nosso interior, com força
Querido cigarro, pelo menos me ouves,
me encantas pelo silêncio porque me queres
me embalas e concordas comigo.
Conversas comigo, me aceitas...
tu cigarro me correspondes no amor!
a ti tenho.
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