Artigo de Opinião no Jornal Binókulu - Cabo Verde
Aconteceu na semana passada a operação
relâmpago das Forças Especiais Americanas por terras Africanas, com
propósito de raptar alguns ditos barões da droga.
Até agora sabe-se que passaram por, pelo
menos, três países africanos: Guiné-Bissau, Guiné-Conacri e Cabo-Verde.
Da nossa parte, nós os guineenses, existe um regozijo, uma profunda
crença de que finalmente a superpotência olha para os anseios do povo.
São manifestas as notas de alegria nos meus conterrâneos. Porém, alguns
pontos de interrogação gravitam no ar quanto a este acontecimento.
Este caso lembrou-me logo um outro,
envolvendo os Estados Unidos da América e um cidadão Luso-guineense,
Jorge dos Santos (George Wright). As semelhanças processuais não são
muitas, mas lembram a desumanidade do sistema de perseguição dos EUA,
que raramente perde a noiva com quem cisma casar.
A invasão das fronteiras africanas para
raptar (assumo a polémica do termo, mas, é a que uso nestes casos),
cidadãos africanos é de uma gravidade que só lembra ao imperialismo, com
a conivência e submissão dos nossos ditos líderes. A ver se algum dia o
mesmo se passará num país Europeu. É que Jorge Santos, também esteve em
risco de ser raptado, a julgar pelo “forcing” dos EUA, onde um
congressista chegou a propor tal medida.
O duvidoso interesse das autoridades
americanas e europeias na luta contra o narcotráfico é demasiado
evidente. Quem quer acabar com o problema, combate a raiz e não a
consequência, se a droga deixar de sair destes países sul-americanos
deixará de passar pelas terras africanas, mas se deixar de passar por
esta rota, os traficantes encontrarão outras rotas.
A inocência ou culpa dos capturados não
está em causa. Há, no entanto, uma sensação de completo desprezo às
autoridades Africanas. Onde é que já se viu, aceitar com normalidade,
cidadãos serem capturados e levados para o fim do mundo para julgamento.
Só em África é assim agora, e já tem vindo a ser com os piratas.
As suspeitas de que os capturados não
serão tratados de acordo com princípios dos Direitos Humanos, são
evidentes, pois estamos a falar do país de Guantánamo, Afeganistão ou
Múmia Abu Jamal.
É caso para dizer que em África a demonstração da força alheia continua a imperar. É caso para dizer eles podem e mandam.
Comentários
Enviar um comentário